segunda-feira, 28 de novembro de 2011

transportando emoções


Uma viagem de ônibus para mim não é tão simples assim.
Quando entramos não há nenhuma expectativa presente, na verdade surge até um sentimento de desprezo, no caso até mesmo com alguma criança que está de pé no banco dando tchau para uma moça que ela não conhece lá fora. Mas ao arrumar uma poltrona aparentemente confortável próxima a janela, me debruço no vidro, arrumo uma posição agradável e já coloco meus fones de ouvido com aquela música que eu até posso não saber a tradução, mas que a doce voz do cantor, entra dentro de mim e me faz sentir algo diferente. Quando me deparo, o ônibus já está quase próximo da estrada e a paisagem já começa a aparecer, vou me deixando levar pela luz da lua refletida nas arvores que levemente vão sendo deixadas para trás. As cores, os movimentos, a passagem rápida e o som doce me fazem pensar na vida, em cada momento bom e ruim. E tenho certeza que enquanto estou ali dentro, naquela poltrona não muito reclinável, estou segura..onde nada pode me afetar. Bom, pelo menos eu crio essa certeza de proteção. Tudo está passando tao rápido, é tudo tão simplório. Quando de repente vejo se algo que não me agrada, o coração pode até apertar mas é só fechar meus olhos por alguns segundos que a janela já os levou embora e então fico bem de novo.
Meus pensamentos não param, me deparo com um sorriso no canto da boca, que mesmo tão pequeno significa tanto porque representa um momento que foi tão bom.
Ao mesmo tempo que estou cercada de pessoas, posso dizer que estou naquela janela sozinha. Porque cada um esta vivendo por si ali dentro, alguns felizes e outros tristes, alguns podem até não estar presente com os pensamentos, assim como os meus, mas seus corpos continuam ali, com leves movimentos em longos intervalos.
A vida é muito fácil ali dentro, não preciso pensar no que fazer, até mesmo porque não preciso fazer nada, apenas curtir o som.
Sem perceber as piscadas de meus olhos vão tomando um ritmo mais lento, até que quase caio no sono. Ai então é que o motorista acende a luz, é um sinal de que estou chegando em casa. Minha casa, lugar onde vivo. Vivo, passei 25 minutos vivendo relaxadamente naquele ônibus, e não acho que foi um tempo perdido.
A rodoviária de aproxima, eu me espreguiço e para alongar a coluna saio de minha posição esquisita, bocejo e enfim o meu transporte da felicidade para. Eu poderia continuar horas rodando e rodando pelas estradas, naquela posição esquisita, ouvindo a doce melodia e lembrando de alguns momentos. Mas agora é hora de descer, é hora de viver de verdade.

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